O SENTIDO DA COLONIZAÇÃO
Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um
certo “sentido”. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no
conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo
período de tempo. Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do cipoal de
incidentes secundários que o acompanham sempre e o fazem muitas vezes confuso e
incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de uma linha mestra ininterrupta
de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa, e dirigida sempre numa
determinada orientação. É isso que se deve, antes de mais nada, procurar quando
se aborda a análise da história de um povo, seja aliás qual for o momento ou o
aspecto dela que interessa, porque todos os momentos e aspectos não são senão
partes, por si só incompletas, de um todo que deve ser sempre o objetivo último
do historiador, por mais particularista que seja. Tal indagação é tanto mais
importante e essencial que é por ela que se define, tanto no tempo como no
espaço, a individualidade da parcela de humanidade que interessa ao
pesquisador: povo, país, nação, sociedade, seja qual for a designação
apropriada no caso. É somente aí que ele encontrará aquela unidade que lhe
permite destacar uma tal parcela humana para estudá-la à parte.